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Nathalia Nascimento

Sara Alves

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Novelas, séries e músicas são porta de entrada para a cultura do país

Comportamento retraído dos coreanos, entretanto, causa estranheza

O estudante coreano Gyu Hwan Oh, 22 anos, viajou mais de 17 mil quilômetros, da Coreia do Sul até o Brasil, com o objetivo de aprender português. Também conhecido como Vinicius, nome que escolheu com a namorada por meio do Google, o intercambista estudou seis meses na Universidade de São Paulo (USP) e visitou várias cidades brasileiras.

 

Mas, foi na terra do guaraná que ele encontrou muitos fãs de lámen - macarrão temperado com molho de soja (shoyu ou missô) e sal (shiô) - e se surpreendeu com a quantidade de brasileiros que se interessam e gostam da cultura do seu país. "Fiquei muito chocado quando descobri, porque eles conhecem até os hábitos mais antigos", comenta. Embora não entenda a razão da aproximação dos brasileiros com a cultura sul-coreana, Vinicius acredita que é positivo para os coreanos, principalmente os que vivem na Coreia, ter a sua cultura espalhada pelo mundo.

Para o estudante, a Onda Hallyu - nome dado à popularização da cultura coreana - ainda tem muito a crescer. "Há várias coisas que estão bem populares na Coreia no momento e que os brasileiros ainda não conhecem, como o K-hop e o programa de TV Show Me the Money, mas tenho certeza que vocês vão gostar disso também”, diz.

Se depender dos brasileiros que prestigiaram o 12º Festival da Cultura Coreana em São Paulo, a onda irá se expandir. Confira no áudio a seguir o que chama mais atenção dos entusiastas da cultura coreana.

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Foto: Nathalia Nascimento

"Foi um amigo que me apresentou um MV. Depois daquele dia, comecei a ouvir a música no loop, conheci o dorama, a comida e hoje a gente faz aula de coreano. No momento, a música é o que mais chama a minha atenção."

- Ana Luiza, formada em Ciência da Computação

Apesar disso, Vinicius lembra que existem aspectos importantes da Coreia do Sul que as pessoas geralmente não conhecem. Para ele, as pessoas não devem ficar concentradas apenas na música, na comida ou na TV coreana. "Também é relevante entender o ambiente rígido e a cultura fechada do país”, opina.

 

De volta ao país sul-coreano há cerca de um mês, ele conta que já sente saudades do Brasil e que pretende voltar.

A youtuber, jornalista e autora Gaby Brandalise já esteve na Coreia do Sul duas vezes e sentiu na pele a cultura fechada do país. Ela conta que, quando viajou pela primeira vez, estava aberta ao choque cultural. "Eu queria entender as pessoas, interagir e conversar com coreanos, o que não é muito fácil, porque eles não são pessoas muito comunicativas, por isso tive todo tipo de experiência."

Gaby também comenta que o estilo de vida coreano pode ser visto com estranhamento por estrangeiros. "Isso acontece porque é uma cultura em que você precisa vencer. Você não pode ser 'atropelado', então as pessoas são agressivas e estão sempre na defensiva. Não que o Brasil seja melhor, tem vários problemas, é um país violento, mas o que quero dizer é que a cultura deles é um pouco fria para nós.”

Apesar das dificuldades de interação entre os povos, isso não a impede de gostar da Coreia, tanto que fez disso o seu trabalho. Além do canal no Youtube, em que fala de K-pop, doramas, cultura, escrita, entre outros temas, Gaby escreveu o livro "Pule, Kim Joo So", uma obra ficcional inspirada em dramas coreanos. A saturação das produções ocidentais foi o que despertou o interesse pela Coreia. "Tudo me parecia desinteressante, estava cansada.”

O que os K-dramas têm de especial?

Para Gaby, quando as pessoas não se abrem para algo diferente da sua cultura nativa, em termos de produção artística, ou quando barram algo por preconceito ou por ser "estranho", perdem uma experiência enriquecedora. "Não é necessário que você goste, mas é importante dar uma chance e perceber que o mundo é muito maior do que aquilo que você conhece”, explica.

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